Poesia de Machado de Assis:
Uma Flor? — Uma Lágrima
→
Créditos: obra de domínio público. Imagens: Historiatecabrasil.com
— Por que há de a musa que coroam rosas Da rocha inculta só rebentam cardos: Lágrima fria de pisados olhos Não cabe em chão de pérolas.
→
— Por que há de a musa que coroam rosas Vir debruçar-se no ervaçal inculto, E pedir um perfume à flor da noite Que o vento enregelara?
→
Minha musa é a virgem das florestas Sentada à sombra da palmeira antiga; Cantando, e só — por uma noite amarga Uma canção de lágrimas...
→
A aura noturna perpassou-lhe as tranças, A mão do inverno enregelou-lhe os seios, Roçou-lhe as asas na carreira ardente O anjo das tempestades.
→
Por que há de a musa que coroam rosas Pedir-lhe um canto? O alaúde é belo Quando amestrada mão lhe roça as cordas Num canto onipotente.
→
Pede-se acaso à ave que rasteja Rasgado vôo? ao espinhal perfumes? Risos da madrugada ao céu da noite Sem luar nem estrelas?
→
Pedem-se as rosas aos jardins da vida; Da rocha inculta só rebentam cardos; Lágrima fria de pisados olhos Não cabe em chão de pérolas., Out. 1858
→
Veja mais:
Confira também Refus: a maravilhosa poesia de Machado de Assis.
É só arrastar para cima e ver
Arrasta para cima para ver
Quero ver ↑