Poesia de Machado de Assis:

"O Profeta (Fragmento)"

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Créditos: obra de domínio público. Imagens: Historiatecabrasil.com

Do sacro templo, sobre as negras ruínas lá medita o profeta Com fatídica voz, dizendo aos povos Os decretos de um Deus;

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Ao rápido luzir do raio imenso Traçando as predições. Dos soltos furacões, libertas asas Adejam sobre a terra:

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Do sacro templo em denegridos muros Horríssono gemendo Lá fende o seio de pesadas nuvens O fulminoso raio

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Sinistro brilho, que o terror infunde. Que negro e horrível quadro! Propínquo esboço da infernal morada!...

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............................................. E o profeta ergue a fronte, a fronte altiva Cheio de inspiração, de vida cheio; Revolvem-se na mente escandescida

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Inspiradas idéias que Deus cria Nesse cofre que encerra arcanos sacros; Revolvem-se as idéias, pensamentos Que num lampejo abrangem as idades

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Rápidas aglomeradas Nesse abismo que os séculos encerra! Profeta, em que meditas, espírito de Deus que te revela?

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Um novo cataclismo Que a terra inunde e a humanidade espante? De guerras sanguinosas longa série? A desgraça talvez dum povo inteiro?

Enviado de Deus, conta-me os sonhos Que te revelam do futuro as sortes Quando absorto em sacros pensamentos

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Os céus ensaiam qu’o porvir revelam: E quando é bela a noite, quando brilha A prateada lua

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Lâmpada argêntea, que alumia as trevas Quando fulguram meigos Formosos, belos astros, que semelham Longa série de luzes

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Que a lousa aclaram do sepulcro imenso: O que te inspira o céu? ............................................. Já sossega a tormenta; — refreados jazem mudos os ventos;

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só a brisa Plácida expele as condensadas nuvens; Envolta em negro véu lá brilha acaso Medrosa estrela que sorri medrosa:

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‘Stá muda a atmosfera! Lá se ergue De súbito o profeta, (sacra gota Na mente lhe verteu do Eterno a destra), Do Supremo Arquiteto o mando grava No extenso muro do arruinado templo!...

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FIM... 

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