Poesia de Machado de Assis:

Fascinação 

 →   

Créditos: obra de domínio público. Imagens: Historiatecabrasil.com

A vez primeira que te ouvi dos lábios Uma singela e doce confissão, E que travadas nossas mãos, eu pude Ouvir bater teu casto coração,

→  

Menos senti do que senti na hora Em que, humilde — curvado ao teu poder, Minha ventura e minha desventura Pude, senhora, nos teus olhos ler.

 →   

Então, como por vínculo secreto, Tanto no teu amor me confundi, Que um sono puro me tomou da vida E ao teu olhar, senhora, adormeci.

 →   

É que os olhos, melhor que os lábios, falam Verbo sem som, à alma que é de luz — Ante a fraqueza da palavra humana — O que há de mais divino o olhar traduz.

 →   

Por ti, nessa união íntima e santa, Como a um toque de graça do Senhor, Ergui minh'alma que dormiu nas trevas, E me sagrei na luz do teu amor.

 →   

Quando a tua voz puríssima — dos lábios, De teus lábios já trêmulos correu, Foi alcançar-me o espírito encantado Que abrindo as asas demandara o céu.

 →   

De tanta embriaguez, de tanto sonho Que nos resta? Que vida nos ficou? Uma triste e vivíssima saudade... Essa ao menos o tempo a não levou.

 →   

Mas, se é certo que a baça mão da morte A outra vida melhor nos levará, Em Deus, minh'alma adormeceu contigo, Em Deus, contigo um dia acordará

 →   

Tes lèvres, sans parler, me disaient: — Que je t'aime! Et ma bouche muette ajoutait: — Je te crois! Mme. DESBORDES-VALMORE

 →   

Veja mais:  

Confira também  Refus: a maravilhosa poesia de Machado de Assis. É só arrastar para cima e ver

Arrasta para cima para ver