Poesia de Machado de Assis:

"Dormir no Campo"

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Créditos: obra de domínio público. Imagens: Historiatecabrasil.com

Ao terno suspirar do arroio brando, Quanto é belo o repouso em campo ameno! Em noite de verão, que a brisa geme, Em noite em que o luar brilha sereno!

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Acorda-se alta noite: no silêncio Envolta jaz a terra adormecida; Verseja-se um minuto, à noite, à lua, E torna-se a dormir... Que bela vida!

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Se se ouve o piar d’ave noturna Solta-se a ela mesma um doce canto, Lança-se extremo olhar da lua ao brilho Estorna-se a dormir sob seu manto.

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Não há vida melhor por certo; eu juro Não a trocar por outra ainda que bela; Não há nada no mundo mais sublime Que um homem contemplar a sua estrela.

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É belo o despertar, abre-se os olhos Suavemente as pálpebras se erguendo Dir-se-ia a serena e branda aurora. Que vai rubra madeixa desprendendo

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Senta-se abrindo os olhos, bocejando. Lançando à banda a destra agarra a lira, Preludia-se um canto, um canto d’alma E o terno coração terno suspira.

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Erguendo-se sacode a véstia, as calças, Compõe-se o vestuário com asseio, E cuidadoso segurando a lira, Vai-se dar pelo campo almo passeio.

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Procura-se depois uma serrana E se tece uma endeixa após um beijo (Que é de beijos que o vale se sustenta) Embora à face ardente assome o pejo.

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Não há vida melhor, por certo, eu juro Não a troco por outra, ainda que bela; Não há nada no mundo mais sublime Que amar-se alguma rústica donzela!

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FIM... 

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