Poesia de Machado de Assis:

Daqui deste âmbito estreito

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Créditos: obra de domínio público. Imagens: Historiatecabrasil.com

Daqui, deste âmbito estreito, Cheio de risos e galas, Daqui, onde alegres falas Soam na alegre amplidão,

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Volvei os olhos, volvei-os A regiões mais sombrias, Vereis cruéis agonias, Terror da humana razão.

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Trêmulos braços alçando, Entre os da morte e os da vida, Solta a voz esmorecida, Sem pão, sem água, sem luz,

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Um povo de irmãos, um povo Desta terra brasileira, Filhos da mesma bandeira, Remidos na mesma cruz.

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A terra lhes foi avara, A terra a tantos fecunda; Veio a miséria profunda, A fome, o verme voraz.

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A fome? Sabeis acaso O que é a fome, esse abutre Que em nossas carnes se nutre E a fria morte nos traz?

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Ao céu, com trêmulos lábios, Em seus tormentos atrozes Ergueram súplices vozes, Gritos de dor e aflição;

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Depois as mãos estendendo, Naquela triste orfandade, Vêm implorar caridade, Mais que à bolsa, ao coração.

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O coração... sois vós todos, Vós que as súplicas ouvistes; Vós que às misérias tão tristes Lançais tão espesso véu.

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Choverão bênçãos divinas Aos vencedores da luta: De cada lágrima enxuta

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