Poesia de Machado de Assis:

"A Saudade - ó casta virgem..."

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Créditos: obra de domínio público. Imagens: Historiatecabrasil.com

Saudade! d’alma ausente, o acerbo impulso, Mágico, doce sentimento d’alma Místico enleio que nos cerra doce O espírito cansado!... Oh! saudade,

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Para que vens pousar-te envolta sempre Em tuas vestes roxeadas tristes, Nas débeis cordas de minh’harpa débil?!...

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Doce chama me ateias dentro d’alma. Meiga esperança que me nutre em sonhos De cândida ventura!... Ó saudade, D'alma esquecida o despertar pungente; Doce virgem do Olimpo rutilante,

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Que co'a taça na destra à terra baixas E o agro, doce líquido entornando Em coração aflito, meiga esparges Indizível encanto, que deleita,

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Melancólicas horas num letargo D'espírito cansado, d’alma aflita, Que plácida flutua extasiada,

continua →   

Na etérea região, morada excelsa Do sidéreo esplendor que a mente inflama; Tu que estreitas minh’alma em doce amplexo Preside ao canto meu, ao pranto, às dores.

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Quando a noite vaporosa, Silenciosa, Cinge a terra em manto denso; Quando a meiga, a clara Hebe.

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Cor de neve Branda corre o espaço imenso. Quando a brisa suspirando, Sussurrando,

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Move as folhas do arvoredo, Qual eco d’um som tristonho Que num sonho Revela ao Vate um segredo.

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Quando, enfim, se envolve o mundo Num profundo Silêncio que ao Vate inspira, Vens a meu lado sentar-te, Vens pousar-te. Nas cordas de minha lira.

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E me cinges num abraço Doce laço Que se aperta mais, e mais; E depois entre os carinhos, Teus espinhos Em minh'alma repassais!

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Entre a melancolia De poesia Me dais santa inspiração Da alma solto uma endeixa, Triste queixa, Triste queixa, mas em vão.

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Na morada estelífera vagueia Minh’alma em teus carinhos absorta. D'aéreo berço, sobre ameno encosto Adormece de amor, junto a teu lado, E geme melancólica... e suspira,

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Saudade! ó casta virgem, Qu'inspiraste a Bernardim, Nos meus dias de tristeza Consolar tu vens a mim. E G. BRAGA

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FIM... 

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