Engenhos de Açúcar do Brasil

Em meados do século XVI, a Europa torna popular um produto antes raro, caro e desejado: o açúcar. Com o aumento da demanda e os preços mais acessíveis, os países produtores começam a não conseguir suprir o mercado. Desta forma, em 1516, o rei de Portugal, D. Manuel incentiva a imigração em massa de colonos portugueses para as terras brasileiras e a instalação de engenhos de açúcar no Brasil.

Inicia-se, assim, a agridoce economia açucareira, fonte de riquezas para a metrópole e rios de sangue dos seres humanos brutalmente escravizados nas plantações de cana.

O que foram os Engenhos de Açúcar do Brasil?

Chamados de engenhos, eram os lugares de produção de açúcar na época do Brasil Colonial. Era formado por moinhos, fornalhas, caldeiras e a casa de purgar. Esses locais se expandiram rapidamente, sendo que, no início do século XVII já havia em torno de 400 estabelecimentos distribuídos pelo Brasil afora.

A plantação de cana e a escravidão indígena

É apenas em 1532, com a chegada da expedição comandada por Martim Afonso de Sousa, que as mudas de cana aportaram em terras brasileiras tendo sido plantadas na capitania de São Vicente no mesmo ano. Desde o seu início, as plantações de cana enfrentaram dificuldades, sobretudo no trato com os nativos.

Os indígenas nunca se sujeitaram completamente ao sistema escravocrata e, estando mais familiarizados com a terra do que os invasores europeus, sempre puderam traçar as mais diversas rotas de fuga e resistência. Essas fugas, rebeliões e assassinatos de brancos, culminaram em muitos ataques por parte dos portugueses que visavam o assassínio em massa dos indígenas, ocultos atrás da ideia de “guerra justa”. De todo modo, ainda que houvesse uma resistência ininterrupta, e mesmo com a escravização dos negros, a escravidão indígena durou um longo período.

A influência da igreja nos Engenhos de açúcar

A Igreja teve um papel fundamental na troca da mão de obra escrava indígena pela negra. Fiando-se no discurso de cunho moralizante que defendia a ingenuidade e a inocência dos nativos, a Igreja buscava ampliar suas fronteiras. O embate entre o poder clerical e o secular foi longo e cheio de conflitos.

Desta forma, a saída possível que manteria a produção do açúcar mais rentável foi a busca por escravos no continente africano. Lucrando com o mercado da cana e com o de escravos, Portugal recebia seus lucros das duas fontes, e pouco ou quase nada era relegado à colônia.

Açúcar: conflito entre Portugal e Colônia

conflitos entre Portugal e colônia
Conflitos – Engenhos Coloniais

A brutal civilização do açúcar foi a responsável por instituir um novo sistema econômico, social e cultural na colônia. Uma sociedade tão estratificada quanto os tons do açúcar, ela se dividia entre “casa grande”, “senzala” e tudo o que ficava entre esses dois polos.

Os Engenhos de açúcar também seriam o grande responsável pelos conflitos na relação entre Portugal e colônia, uma vez que os grandes senhores de engenho não tinham interesse em repassar quase que a totalidade dos ganhos aos governadores-gerais que o rei português instituíra. Assim, as longas e recorrentes divergências de interesse começava o longo processo de separação entre colônia e metrópole.

Engenhos de açúcar: riqueza, escravidão e sangue

os engenhos de açúcar no brasil
Plantação de açúcar

O açúcar foi o produto de exportação que mais rendeu lucros ao reino português, e estes lucros são equiparáveis apenas ao preço pago em sangue pelos muitos milhões de pessoas escravizadas, fossem indígenas nativos ou os negros trazidos do continente africano. O Brasil colônia, tão contraditório em suas práticas, uniu com perfeição a doçura do produto com o amargor de sua manufatura.

Vídeo sobre os Engenhos de Açúcar