Condão

poesia Condão

Uns olhos me enfeitiçaram,
Uns olhos… foram os teus.
Falaram tanto de amores
Embebidos sobre os meus!

Eram anjos que dormiam
Dessas pálpebras à flor
Nas convulsões palpitantes
Dos alvos sonhos de amor.

Foi à noite… hora das fadas;
Bem lhes sentira o condão;
Mas refletiam tão puras
Os sonhos do coração!

Como ao sol do meio-dia
Dorme a onda à flor do mar,
Eu dormi, — pobre insensato,
Ao fogo do teu olhar…

Pobre, doida mariposa,
Perdi-me… — pecados meus!
Na chama que me atraía,
No fogo dos olhos teus.

Venci protestos de outrora,
Moirei no teu alcorão,
E vim purgar nesses olhos
Pecados do coração.

Pois bem hajam os teus olhos,
Onde um tal condão achei:
Doido inseto em torno à chama,
Todo aí me queimarei.

C’est que j’ai recontré des regards dont la
flamme
Semble avec mes regards ou briller ou
mourir.
E. DESCHAMPS