A chegada do cinema ao Brasil aconteceu em julho de 1896, no Cinematographo Parisiense – onde atualmente se encontra o teatro Glauber Rocha -, e o primeiro filme exibido em terras tupiniquins foi uma produção dos Irmãos Lumière, os pais do cinema, intitulado Saída dos trabalhadores da fábrica Lumière, um título preciso e auto explicativo uma vez que a sequência de imagens de aproximadamente dois minutos tratava, de fato, da saída de trabalhadores de uma fábrica após o expediente.
Em todo caso, a película causou uma intensa comoção na época, uma vez que nunca antes tinha sido possível a captura de imagens em ação através das lentes de uma câmera.
Os historiadores do cinema brasileiro posicionam as primeiras produções nacionais entre os anos de 1897 e 1898, com a exibição de quatro curtas metragens: Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara, Chegada do trem em Petrópolis, Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí e Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama, todos os quatro filmes em preto e branco, mudos e do gênero documentário.
Aconteceram algumas discussões entre os pesquisadores para decidirem se os filmes foram, de fato, feitos no Brasil ou se eram produtos estrangeiros, mas após análises da iconografia em voga no país na época, e em comparação com a estrangeira formou-se um consenso em categorizá-los como as primeiras produções nacionais.
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O cinema só foi implantado com sucesso no país com a fundação da Usina de Ribeirão das Lajes, em 1910 que atendia a demanda de São Paulo e Rio de Janeiro. Antes, a energia elétrica fornecida para uso da cidade era inconstante e cheia de falhas e apagões, o que inviabilizava sua utilização na projeção de filmes. Desta forma, com a energia devidamente estabilizada, o cinema conseguiu se posicionar permanentemente no cenário cultural brasileiro.
A I Guerra Mundial (1914 – 1918) traz, além das consequências mais óbvias como morte, destruição e caos, um arrefecimento na arte do cinema. Com a constante demanda por soldados para serem enviados ao front, com os esforços e economias próprias de períodos de guerra, a Europa sofria com o desfalque cultural. Desta forma, é do outro lado do oceano que o cinema se fortalece.

Aproveitando-se desse espaço deixado pelo cinema europeu, os Estados Unidos investem em suas produções hollywoodianas e invadem o mercado. No Brasil, sentindo as poderosas consequências do conflito que estremece a Europa, o cinema nacional sofre com a falta de matéria prima, antes importada do Mundo Velho. Assim, os cineastas brasileiros começam a locar e distribuir filmes norte-americanos, mais baratos e mais fáceis de serem exibidos.
Com períodos em que se produziu muito se mesclando àqueles em que apenas se importava filmes estrangeiros, o cinema brasileiro sempre esteve intimamente ligado ao cenário político, acompanhando as crises, o cinema se reinventou, se adaptou, mostrando diversos Brasis sob os mais diferentes olhares, com suas nuances, suas peculiaridades. Dos primórdios, com seus documentários mudos e em preto e branco, passando pelas fases do Cinema Novo com seus embates violentos com a Ditadura Militar, até os dias atuais, o cinema no Brasil é uma arte em constante reinvenção.